30 de março de 2014

Roda de Cantos e Mantras do Mundo

Em uma parceria relâmpago (assim que é bom né...), o Eu Livre recebe na próxima quarta-feira (2 de abril) a Roda de Cantos e Mantras do Mundo, com a mediação da cantora colombiana Isabel Cardona Colina. A vivência vai utilizar a voz como ferramenta curativa, a partir de uma imersão de práticas para a auto-liberação de emoções estagnadas no corpo e na mente. 

A ideia é que cada ser trabalhe seu estado interno, ao compartilhar de um ambiente externo propício para soltar a voz natural e livremente. Durante a vivência, serão desenvolvidas práticas para a auto-exploração do corpo como instrumento musical: técnicas vocais e de respiração, alinhamento de chakras, visualizações, yoga, tao, percussão e expressão corporal.

A roda será das 19h às 22h30, no Espaço Cultural Mercado Sul, em Taguatinga. É aberta para adultos e crianças e a contribuição é de R$ 15. Cheguem pontualmente! Cada prática é fundamental para o desenvolvimento da vivência. 

Um pouquinho do som de Isabel:



Mediação 
Isabel Cardona Colina é cantora, artista cênica e pesquisadora da arte como terapia. Há 7 anos desenvolve um método para utilizar a voz como ferramenta de cura de processos emocionais. Ao lado de Netan Yahu, forma a dupla colombiana Elixir Tafari. Em viagens pelo mundo, os dois pesquisam e apresentam shows com a mistura de dança, artes circenses e música: ritmos afrolatinos, ciganos, cubanos, jazz, salsa, soul, gypsy, mantras e cantos sagrados. 



SERVIÇO 

Roda de Cantos e Mantras do Mundo - a voz como ferramenta curativa
Dia: 2 de abril de 2014 (quarta-feira) 
Horário: das 19h às 22h30 
Local: Espaço Cultural Mercado Sul 
Endereço: QSB 12, Lote 4 – Mercado Sul, Samdu Sul – Taguatinga 
Contribuição: R$ 15 
Informações: 61 8575.8500 
Sem contra-indicações de público 

27 de março de 2014

Série de vídeos Prosas Paridas - Relato 2: Ludimila Nascimento (BA)

Mais um passo dado e nosso segundo vídeo da série Prosas Paridas ficou pronto. O relato traz Ludimila Nascimento, doula e aprendiz de parteira tradicional, que atualmente mora em Serra Grande, município de Uruçuca (BA). 

Ludimila abre o coração e nos fala sobre os desafios e a ancestralidade desse ofício. Com o sorriso da alma e brilhos nos olhos, relata seu caminho no partejar. 

É através do retorno às tradições e às nossas raízes que Prosas Paridas vem navegando, buscando o que tentam nos tirar. Vamos atrás da naturalização do gestar, do parir, do maternar...

Um salve às parteiras, às mulheres, às crianças!




Veja também o primeiro relato, com a parteira tradicional Val, clicando aqui.

21 de março de 2014

II Encontro Prosas Paridas


Salve, interagentes buscadores da liberdade! 

Nosso II Encontro Prosas Paridas acontecerá na próxima quarta-feira, dia 26, das 19h às 21h30, no Espaço Cultural Mercado Sul. Sob a mediação da parteira Ritta Caribé Pinho, vamos novamente trocar saberes sobre o universo que envolve a gestação, parto, pós-parto, amamentação, relação mãe-bebê-pai... 

A contribuição é feita de forma consciente. Lembrando que o Encontro Prosas Paridas é sempre realizado na última qurta-feira do mês, aberto não só a gestantes e mães, mas a qualquer pessoa interessada nesse tema. 

São tod@s bem-vind@s! Esperamos vocês com muita alegria, para mais essa roda pela naturalização do parto. 



18 de março de 2014

Curso de Fitoterapia traz saberes sobre gestação e parto

Nos dias 26 e 27 de abril, o Instituto de Estudos Culturais e Ambientais (IECAM), em parceria com o Eu Livre e o Sítio Geranium, realiza o CURSO DE FITOTERAPIA: SABERES TRADICIONAIS E CIENTÍFICOS NAS PRÁTICAS DE SAÚDE. Serão dois dias de aprofundamente sobre identificação e manipulação de fitoterápicos, além de saberes sobre ervas indicadas para a gestação, parto, pós-parto, mães e bebês.

As aulas serão realizadas no Sítio Geranium pela fitoterapeuta e etnobotânica Vera Fróes, que trará seus saberes científicos assim como o que aprendeu na tradição, convivendo com indígenas e povos da Amazônia. As inscrições já estão abertas, somente por e-mail (iecam.comunicacao@gmail.com).


Conteúdo  
  • Identificação do pronto-socorro vivo: 40 espécies 
  • Manipulação da farmácia caseira: extratos, pomadas, xaropes 
  • Plantas medicinais para pré-parto, parto e pós parto
    Manipulação de fitoterápicos para mamães e bebês: óleo de massagem, colônias e loções.         

Vera Fróes

SERVIÇO

  • Local: Sítio Geranium - Núcleo Rural de Taguatinga, Chácara 29 - Via de Ligação Samambaia e Setor QNL de Taguatinga – DF      
  • Público alvo: agentes de saúde, líderes comunitários, associações de moradores, secretarias de saúde, meio-ambiente, educação, agricultura familiar, professores, estudantes, doulas, parteiras, gestantes e público em geral.  
  • Ministrante: Vera Fróes, fitoterapeuta, com especialidade em etnobotânica pelo NBRI - Lucknow, Índia. 
  • Inscrições online: iecam.comunicacao@gmail.com (ficha de inscrição e as informações gerais)
  • Valor do módulo:  R$ 300, com desconto de 10% para inscrições até o dia 11 de abril. Incluso material didático, certificado.
  • Informações: 61 8575.8500 (Keyane Dias) ou 61 8130.0594 (Deborah Minardi)

    ** O almoço vegetariano no sábado será oferecido pelo Sítio Geranium, com valor à parte de R$ 25 (por pessoa), a ser pago no dia.
       



5 de março de 2014

Série de vídeos Prosas Paridas - Relato 1: Val (BA)

O parto natural, feito em casa, com mães acolhidas por acompanhantes e bebês amparados pelas mãos de parteiras, sempre existiu. Foi assim que a humanidade nasceu por milhares de anos. Em vários povos encontramos relatos do partejar, feito por mulheres que possuem saberes sobre plantas, sobre o corpo, sobre as fases da lua e também sobre espiritualidade. É orgânico e instintivo. Basta conversar com alguma avó, que logo a memória vai parindo histórias sobre a irmã, a prima, a tia ou a vizinha que fazia partos. Ou sobre as cumadres que pariram menin@ em casa. 
  
Apenas há poucas décadas, com a expansão da medicina chamada ocidental, que o nascer foi transformado em ato cirúrgico. Com a criação dos hospitais, médicos inseriram uma série de intervenções desnecessárias para acelerar o trabalho de parto: soro com oxitocina, episiotomia (corte do períneo), lavagem estomacal, entre outras. Sem falar na cesariana, procedimento que deveria ser usado apenas em casos de extrema complicação, com perigo de morte para a mãe ou para @ bebê. Ao contrário, o que se vê hoje é uma série de médicos indicando cesarianas sem motivo e mães induzidas a marcar dia e horário para suas crias nascerem. 

Val, parteira tradicional de Uruçuca (BA)

Felizmente, a arte e o dom de partejar nunca cessaram em meio a imposição da medicina. Anônimas, em suas comunidades, povoados, aldeias e bairros, gerações de parteiras seguiram seu trabalho de auxiliar mulheres a dar a luz de forma natural. Nos últimos anos, inúmeras mães e pais estão em busca dessas senhoras sábias e dessa [re]conexão com o nascer orgânico, sem intervenções indevidas, sem traumas. Guerreiras, as parteiras também buscam hoje a valorização de seus ofícios e saberes, se organizando e compartilhando entre si lutas e anseios. Há também a contribuição de pessoas e grupos que acreditam nessa causa e buscam contribuir para a chamada “humanização do parto”. 

É para conhecer a história de parteiras, doulas (acompanhantes) e mães que o Eu Livre – Educação e Saúde criou a série Prosas Paridas. Em parceria com o Estúdio Gunga, o Eu Livre vai mostrar relatos sobre gestação, parto e maternidade, em vários episódios e com vári@s entrevistad@s. O primeiro vídeo foi gravado em Serra Grande, município de Uruçuca (BA), e traz o relato da enfermeira e parteira tradicional Valdeci Rocha Santana, conhecida como Val. Sábia mulher, que muito nos inspira.



Abaixo, uma carta escrita por Ernani, pai do primeiro bebê que Val amparou. Essa história, ela cita bem no início do vídeo, quando conta como começou a partejar. A carta foi cedida ao Eu Livre pela filha de Val e doula, Mariama Santana.

"De nada adianta apenas acreditar na possibilidade, sem experimentar na prática o desafio de realizar um parto independente. O fato de vivermos cada vez mais cercados de tecnologias e antificialismos nos distancia cada vez mais dos processos autênticos e naturais. Por isso precisamos revalorizar esta experiência de trazer crianças ao mundo de uma forma humana, calorosa e saudável. De empoderar as mulheres e as mães com aquilo que sabem fazer de melhor. Gestar, parir e criar. Esta é a verdadeira virtude feminina, algo insubstituível. Mesmo que o homem tente de modos diversos imitar e copiar, buscando artificializar os processos da natureza, os resultados a curto, médio e longo prazo são geralmente perniciosos. O ser humano acaba sendo vítima de sua insensatez. 

Conheci sua mãe, esta criatura maravilhosa, conhecida como Valdeci Rocha, ou, para os mais chegados, comadre Val, quando, no fim da década de setenta, eu frequentava o restaurante Grão de Arroz e conheci a mãe dos nossos filhos, Tânia, que já a conhecia juntamente com seu pai, nosso amigo Noel. Foi por intermédio de Tânia que fui conhecer Val em Praia Grande, no suburbio de Salvador. A gente se afinou logo. Aliás é difícil não empatizar com Val, com seu jeito meigo e afetuoso. 

Quando Taniel foi concebido(nosso primeiro filho) eu já andava às voltas com os estudos da filosofia da medicina oriental, alimentação macrobiótica, naturalismos e práticas alternativas. Era um mundo novo que se abria para nós, uma nova geração de contestadores do sistema vigente. Desde o início dos setenta que já haviam movimentos de expansão de consciência, experiências comunitárias, de distensão política, em busca de um sonho por melhor qualidade de vida e retorno à mãe natureza. Claro que cada um ao seu modo, tateando, experimentando, escorregando, desbundando, e muitos pirando mesmo. Mas havia uma leva de gente mais prudente, mais pé-na-terra, que vislumbrou o sonho, mas percebeu que nada podia ser transformado num passe de mágica. A gente ia ter que mastigar muito, meditar muito, compartilhar muitas experiências artesanais, alimentares, rurais, terapêuticas, enfim, enfrentar ainda muitas resistências das nossas familias, das gerações já acomodadas, daqueles que cada vez mais corriam atrás do consumismo e dos valores meramente materiais, e que a turma da vanguarda estava e continua tentando se livrar. 

A gente estava a fim de buscar novos paradigmas, novos modelos, mais salutares e ecologicamente sustentáveis. Creio que alcançamos algumas metas, mas percebemos também que fomos frustrados em muitas tentativas. Muitos desistiram, outros se entregaram, gente se acomodou, mas muitos também persistiram na busca de manter valores mais elevados, de não sucumbir às armadilhas. Esta resistência ainda continua e, certamente, Val é um exemplo disto. Por isso resolvi escrever um pouco sobre sua trajetória, um pouco sobre aquilo que compartilhamos, num ângulo de visão particular, mas que retrata esta resistência, no intuito de deixar um registro para vocês da geração seguinte (e as seguintes além) que possam colher algum benefício dessa experiência. 

A vinda de Taniel me estimulou a traduzir um trecho de um livro maravilhoso: Spiritual Midwifery, escrito por Ina May Gaskin que foi outra fada e iniciadora de um trabalho humano fantástico de acompanhamento de gestantes na comunidade " The Farm", nos Estados Unidos. Esta mãe, e também pioneira no resgate dos procedimentos do parto humanizado, junto com outras parteiras e mulheres aguerridas, como Val, foi quem me inspirou e nos deu confiança, a mim e à mãe do bebê, para tentar realizar um parto domiciliar em 17 de agosto de 1981, quando Taniel veio ao mundo. Tenho grande gratidão por estas mulheres, pela coragem que sempre demonstraram, e pela possibilidade de propiciar a nós, marmanjos, a chance de compartilhar um ATO DE LUZ. Este é um gesto invejável! 

A partir de então, Val, que já contava com sua experiência de enfermagem, passou a se dedicar a esta nobre tarefa de acompanhar gestantes e auxiliá-las a parir. Sabe-se lá quantas outras crianças esta comadre aparou pelos caminhos afora. Creio que nem ela se deteve em contar. Foram tantos afilhados. Depois ainda gestou seus próprios filhos, todos nascidos em casa: Aranda, você Mariama e Cauê. Ajudou ainda a aparar Tizu nosso caçula (em 8/9/84). Só não acompanhou o nascimento de Taoan (3/3/83), porque o pisciano foi mais rápido e sequer esperou a madrinha chegar. 

Val, além da "arte de esperar" (a arte da não-interferência), a obstetrícia doméstica, também é mestra em outras artes e prendas. Desenvolveu sua arte culinária natural e tocou alguns restaurantes pelo sul da Bahia. Amassou e assou muitos pães integrais. Plantou muitas hortas e canteiros de flores, habilidosa que é também no trato com a mãe natureza. Teceu também muitas artesanias. Com sua arte de cuidar das pessoas também compartilhou muitas dores e tratou muitas feridas não apenas do corpo, mas principalmente da alma. 

Esta é, ao meu ver, a verdadeira manifestação do feminino, sem sombras de dúvida. Este é o exemplo que todas as meninas precisam conhecer. Por isso faço questão de compartilhar este comentário e esta homenagem sincera que presto nestas linhas. São poucas palavras para expressar meu reconhecimento pelo empenho de Val. Homens, em geral, não sabem dimensionar a envergadura dessa obra magistral que é a maternidade e a arte de criar. Este assunto sempre foi e continuará sendo a nobre incubência do coração feminino. Neste aspecto nada pode superá-lo. 

 Obrigado Val por sua dedicação e que as Deusas te abençoem. 

Sincera admiração e respeito. 

Ernani"
 .